domingo, 19 de julho de 2009

Reincidente


Sou reincidente. De novo repeti o que me distrai. Me internei em uma mesma sala de cinema para ver duas sessoes seguidas, e de filmes brasileiros. Adoro. Já escrevi recentemente sobre o assunto, e esta semana tive o prazer de ver A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele, e Jean Charles, de Henrique Goldman.

O primeiro me remeteu à era do cinema novo. O filme se passa na Amazônia, a fotografia é "suja", contra-luz, o áudio nao é dos melhores, e está cheio de situaçoes-milagres, ignorância e pobreza típicos da regiao. É impressionante nos darmos conta de como cada regiao do Brasil tem o seu misticismo, crenças e valores, e o filme consegue passar exatamente toda essa atmosfera. Muitos que assistiam saíram da sala, nao suportaram ver cenas de incesto, homossexualismo, violência, realidade nua, dura e crua. Já tinha lido que em Cannes também muitos abandoram a projeçao, onde o filme foi exibido na mostra Un Certain Regard. Aliás, A Festa... já abocanhou diversos prêmios: Melhor Filme na categoria Novos Diretores, no Festival de Chicago; 6 Kikitos de Ouro no Festival de Gramado, nas categorias de Prêmio Especial do Júri, Melhor Ator (Daniel de Oliveira, Melhor Fotografia, Melhor Música, Prêmio da Crítica e Melhor Filme - Júri Popular; 2 Troféus Redentor no Festival do Rio, nas categorias de Melhor Diretor e Melhor Ator (Daniel de Oliveira); prêmio de Melhor Ator (Daniel de Oliveira), no 12º Festival de Cinema Luso-Brasileiro e 2 prêmios no Festival de Cinema Brasileiro de Los Angeles, nas categorias de Melhor Fotografia e Melhor Roteiro...

Jean Charles, para mim, foi tocante. Nao sei se é porque acabo de voltar de uma experiência fora, de ter presenciado algunas cenas parecidas, mas me emocionou bastante, vivi alguns pedaços daquela história que é a mesma de muitos outros brasileiros no exterior, seja em Londres, seja em Barcelona... a frieza dos gringos, a injustiça, enfim... para mim é um bom filme e, para outros, como pude ouvir comentários ao sair da sala de cinema, um lixo!

É engraçado constatar que o que é significativo para uns é repulsivo para outros. Acredito que quando vemos um filme depende muito de como "estamos" naquele momento. Já aconteceu comigo. Já vi pela primeira vez um filme e tive uma impressao, mas já da segunda vez me fez pensar em outros pontos que nao tinha parado para pensar. Viva a diversidade de gostos, que tem espaço (nao muitos, diga-se) para dramas e documentários, comédias americanas, e... brasileiras! O que nao pode parar é o show, é a indústria, é a criatividade, é a locomotiva, é a geraçao de empregos, a realizaçao de projetos e sonhos. Quem venham muitos outros Jean Charles, Cheiro do Ralo, Meninas Mortas, Diva, Mulheres Invisíveis, Kill Bill, Elephant, Tropas de Elite, infindáveis filmes que dividem opinioes mas que estao aí, para o público!

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