terça-feira, 25 de novembro de 2008

Encurtando distâncias

Desde o início de abril deste ano um trem chamado AVE faz o percurso Madrid-Barcelona, de 621km, em apenas 3h30. Hoje pude provar desta maravilha, que chegou para competir com os avioes que fazem a ponte aérea em 45 minutos, como se fosse o trecho Rio-Sao Paulo. Saí de Barcelona às 16h e cheguei na capital espanhola onde está morando a minha querida irma às 19h23.

Eu sou adepta do trem. Tive uma excelente experiência em julho do ano passado, quando fiz uma viagem de três meses por grande parte da Europa através de trilhos. Percorri Portugal, Itália, França, Suiça, Alemanha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, além de Inglaterra, Irlanda e Escócia, usando o Europass, um bilhete de trem que me dava direito a viajar indiscriminadamente por todos esses lugares, no dia e na hora que me conviesse. Era só checar o horário de partida, chegar 10 minutos antes, e subir no trem. Foram viagens super tranqüilas, sem atrasos (exceto na Itália, mas esse país é um caso à parte com relaçao a funcionamento público e horários), e o que mais me agradou é que as estacoes sao super centrais, bem localizadas e com boas conexoes com linhas de metro e onibus que te levam ao coracao da cidade em apenas alguns minutos.

É claro que as tarifas aéreas das empresas low cost sao tentadoras, mas muitas te deixam em aeroportos super longes, fora de mao, e você acaba gastando mais tempo e dinheiro para viajar, e na maioria das vezes nao compensa. Vale a pena sempre checar e comparar para ver a relacao qualidade-preço de uma viagem, caso contrário as férias podem virar pesadelo.

Aqui em Barcelona o aeroporto central se chama Prat, e os mais próximos, onde operam as cias Ryanair e genéricas, sao em Reus ou em Girona, cidadezinhas da Catalunya. De Barna para lá sao mais 1h30, ou seja, perde-se boa parte de um dia quando é preciso pegar um aviao. Pronto, meu discurso já está formado, que viva o trem! Mais barato, nao sofremos jet lag, nao existe check in, nao existe turbulencia, nao existe aeromoça antipática porque está com TPM, ninguém te perturba de cinco em cinco minutos pedindo licença para passar por cima de você para ir ao banheiro, nao te mandam apertar o cinto, nao extraviam a sua mala, enfim, sou a favor da locomotiva!

Por que no Brasil nao existe um sistema de transporte eficaz como na maioria dos país de “primeiro” mundo? Nao sei! Sim, sabemos, existe toda uma politicagem por detrás, e as indústrias automobilísticas agradecem, e fazem lobby… enfim, tudo ia ser muito diferente se em terra brasilis pudéssemos viajar tranqüilos e seguros em um vagao… iríamos ter menos acidentes de trânsito, menos poluiçao, nao haveria engarrafamentos monstruosos em feriados prolongados, e os motoristas passariam a ser passageiros e nao chegariam exaustos quando tivessem que percorrer largas distancias…

Tratamento de beleza remunerado


Os cabeleireiros bacaninhas daqui da cidade, dentre eles Wella, Loreal, Longueras, Cebado e Schwarzkopf possuem centros de beleza em pontos badalados de Barcelona e infra-estrutura de saloes design dignos de um filme. Os locais sao grandes, luminosos, espaçosos, confortáveis e chiques.

O motivo disso é porque essas marcas utilizam esses pontos para ministrar cursos a profissionais de todo o mundo, ou seja, convidam cabeleireiros para conhecerem os novos produtos da marca, estabelecem uma relaçao profissional-cliente-marca forte e, assim, um torna-se fiel ao outro, ou pelo menos leal.

Mas como nao se pode demonstrar nenhum tipo de creme ou loçao sem haver uma cobaia, modelos sao chamadas para sessoes de corte de cabelo, tintura ou outro tipo de tratamento que as marcas querem demonstrar.

Semana passada eu fui a uma sessao na Kerastase. Funcionou assim: um profesor deu classes pela manha a um grupo de alunos, ensinou algunas técnicas de penteado, e à tarde chegamos para estarmos à disposicao dos aprendizes. Lavaram o meu cabelo, passaram um produto Kerastase mais indicado para ele no momento (oleoso, pois como eu sabia que iriam tratá-lo, nao lavei o meu cabelo naquele dia, suficiente para apresentar-se já oleoso. Argh!), secaram, fizeram escova e um penteado. Eram três rabos-de-cavalo baixos que se juntavam e formavam um coque. Ficou interessante, e tudo isso demorou 1h30. Foi um dia de relax, e saí de lá bela, mas direto para a aula de catalao, pois eram 18h de uma terça-feira… infelizmente nao podemos escolher dia nem hora, mas ia cair bem se fosse justo numa sexta-feira, por volta das 20h, e aí já sairia linda, loira, alta e magra para a night.. rs…

Para essa brincadeira, o melhor, as modelos recebem um "salário". Me pagaram 25 euros na semana passada, e hoje fui em um da Schwarzkopf onde cortaram o meu cabelo e pagaram 50 euros. Beleza ao seu alcance, ótima pedida. Mas nada é tao fácil como parece. Para que você seja seleccionada acontece um casting prévio, normalmente um dia antes, e aí sao como umas 50 meninas, e os profissionais da empresa escolhem quem tem o cabelo mais adequado para o que eles querem fazer no dia seguinte. Muitas vezes me apresento e nao me escolhem, mas este mês parece que dei sorte e já foram dois! Oxalá todo mês eu possa ser paga para ter tratamento vip. Gisele Bündchen que se cuide!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Estrelas espanholas


A nova ediçao do Guia Michelin para Portugal e Espanha foi lançada essa semana e causou tititi no meio gastro. A bíblia gourmet mundial continua implacável, e nao concedeu mais de uma estrela a nenhum novo chef espanhol. O Sergi Arola Gastro, em Madrid, é o único novo restaurante que conseguiu duas estrelas. A associaçao de chefs por aquí está em polvorosa, pois crê que a cozinha de vanguarda espanhola merecia mais destaque no livrinho de cabeceira referência dos comedores bons de garfo, ou melhor, apreciadores da boa cozinha.

Com o background de premiaçoes passadas, apenas seis restaurantes no país levam três estrelas (Arzak, Akelarre, Martín Berasategui, El Bulli, Can Fabes e Sant Pau), e outros nove possuem duas. 115 levam apenas uma. Dentre os novos con uma estrela destacam-se Boroa (Amorebieta), de Javier García, Manairó (Barcelona), de Jordi Cruz, Alboroque (Madrid), de Andrés Madrigal e Riff (Valencia), comandado pelo alemao Bernd Knoller. No total do guia os restaurante ibéricos somam 151 estrelas para a constelaçao, repartidas entre 130 estabelecimentos.

Por enquanto, nao posso tecer mais nenhum comentário a respeito porque ainda nao provei de nenhum deles… em breve, irei, mas a grana no momento está curta e, infelizmente, nao posso me dar a esse luxo que eu gosto tanto… nao que eu coma mal por aqui, pelo contrário, a cada dia me surpreendo com comidinhas diferentes e gostosas, mas assumo que frequento lugares baratinhos, ou melhor, com preços justos. Por aquí quase todos os locais servem menu do dia, ou seja, entrada, prato principal, sobremesa e bebida incluídos em preços que variam de 8 a 12 euros. É bem verdade também que como muito mais em casa do que na rua. Os supermercados aqui sao baratos, e com uma variedade enorme. Acreditem, eu já sei cozinhar um monte de coisas que antes nao tinha a menor idéia… meus amigos morrem de rir com coisas banais que eu nao sabia fazer ou que me espanto em descobrir, como uma criança… mas isso, em parte, nao é só culpa minha. Acho que vem de berço, ou melhor, é uma coisa hereditária, pois mamy e vovis nao sao muito chegadas ao forno e fogao, entao, de quem eu ia aprender a ser uma cozinheira de mao cheia? Bom, mas o paladar sempre foi apurado. Comer bem eu sei, que o diga a balança do meu banheiro…

domingo, 23 de novembro de 2008

Alternativa


Acaba de acontecer por aqui a 15º ediçao do Festival de Cinema Independente de Barcelona, o l´Alternativa. Durou uma semana, eu me credenciei como impresa e pude assistir a quantos filmes quisesse. Foram uns 4 por dias, e amei. O lugar do evento foi no CCCB - Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona. No início eu só falava CCBB, com a idéia fixa do Centro Cultural do Rio, do Banco do Brasil, mas agora já é o contrário, me custa muito falar CCBB…

Bom, voltando ao assunto do festival, o grande lance deste ano foi uma homenagem a Glauber Rocha. Na programaçao foram exibidos filmes como Barravento, Deus e o Diabo na Terra do Sol, O Dragao na Terra do Sol, Terra em Transe, Cabeças Cortadas e A Idade da Terra. O cineasta é apresentado na Espanha como polêmico e provocador, e uma pessoa que foi capaz de dar uma nova concepçao ao cinema, rompendo com os modelos das indústrias norte-americanas e européias. Além da homenagem a Glauber, o festival apresentou 65 materiais audiovisuais em diferentes formatos e estilos de realizadores de diversas partes do mundo. As exibicoes foram divididas em sessoes oficiais de curta-metragens, animaçao, de documentários e largometragens, em cinco espaços da cidade, além do CCCB: Cines Maldà, Institut Français, FNAC, Casa América Catalunya e MACBA (Museu d`Art Contemporani de Barcelona).

Outros pontos fortes do festival foram a retrospectiva de trabalhos de Sonia Herman Dolz; do alemao Andres Veiel; além dos irmaos Taviani e apresentacoes de filmes mexicanos. Depois de 15 anos de existencia, o festival se converteu em um importante catalizador de propostas de cinema independente da Europa. O evento torna público aquele cinema que seria impossível de chegar aos circuitos habituais, que nos surpreende e demonstra que as posibilidades e formas de narraçao sao infinitas. Adoro!

O bacana desse evento é que um dos espaços de exibiçao é gratuito, e a galera fica jogada no chao, pois tem pufes e almofadas espalhadas por toda a sala, além de cadeiras confortáveis para os mais idosos… um bar também fica aberto, a disposiçao dos espectadores durante todo o filme. Cerveja a 3 euros… a dica é sair, comprar comes e bebes no supermercado do lado de fora e entrar com o seu farnel. Sim, é permitido.

sábado, 22 de novembro de 2008

Outono


Final de novembro, as temperaturas por aqui já estao em torno dos 15 graus... sair de casa agora sempre requer cachecol e luvas, além de blusa de manga comprida, um casaquinho e outro mais pesado por cima. Em Barcelona sempre faz sol, e o céu sempre está azul. Isso é um privilégio se comparamos com outras cidades da Europa, onde fim de ano significa tempo feio, chuva e neve. Aqui, vamos combinar, somos privilegiados, e nao foi à toa que escolhi morar por essas bandas. Para uma carioca, aturar temperaturas baixas é um sacrifício, mas até que é gostoso, pois os programas de cada estacao sao distintos, e isso faz com que o tempo passe mais rápido, ou melhor, que aproveitemos as particularidades de cada estaçao e nao seja uma coisa penosa.
Nessa época nota-se que as pessoas dormem até um pouquinho mais tarde, porque 10h de um sábado quase nao tem ninguém caminhando pelas ruas. Domingo entao, pior, parece que todos só começam a viver depois das 14h, hora de ir comer em algum restaurante... No outono já trocamos as praias pelos parques. Pic-nic com amigos, acompanhado de vinho e queijos, é programa certo. Museus e eventos fechados sao as boas pedidas. Praia, nem pensar, só se for para ir tomar um capuccino na terraza de algum barzinho enquanto exista sol... e assim vamos levando o fim de ano, que por aqui nao tem o menor clima de fim, e sim metade, já que o ano letivo e o ano laboral sao medidos em funçao do verao. Em setembro parece janeiro por aqui.. é diferente, é gostoso, faz com que o ano passe mais rápido, mas com períodos muito bem marcados. Natal e Ano Novo sao encarados como um grande feriado, e no dia 06 de janeiro tudo volta ao normal. Nos futuros posts falarei mais dessas festas.