quinta-feira, 23 de julho de 2009

Metáforas da visao

Para refletirmos em tempo de tantas coisas "prontas" e "pré-definidas". Vim ao mundo para contestar, para quebrar regras, e o texto Metaphors on Vision, de Stan Brakhage, escrito na década de 60, me inspira:

"...Pode-se filmar com a câmera na mao e herdar mundos de espaço. Pode-se subexpor e superexpor o filme. Pode-se usar filtos do mundo, como a neblina e as chuvas, luzes desajustadas, néons com temperaturas neuróticas de cor, lente que nunca foi desenhada para uma câmera, ou mesmo uma lente que o tenha sido, utilizada porém em desacordo com as especificaçoes, ou pode-se ainda fotografar numa hora após o nascer do sol, ou uma hora antes do poente, naquele período tabu maravilhoso quando nenhum laboratório garante nada, ou pode-se sair à noite com um filme especial para a luz do dia, ou vice-versa. O cineasta pode-se tornar o mágico supremo, com chapéus cheios de todos os tipos de coelhos conhecidos. Pode, com uma coragem incrível, tornar-se um Mèliés, aquele homem maravilhoso que iniciou a arte cinematográfica na magia. Mèliés, porém, nao era bruxo, curandeiro, sacerdote ou feiticeiro. Ele era um mágico do palco, típico do século XIX. Seus filmes sao coelhos."

"...Caso você nao saiba, a magia está sediada no imaginável, e seu momento é aquele em que o imaginado morre, é perfurado pela mente e conhecido, em vez de apenas acreditado. Assim, a realidade estende sua cerca confinadora e cada um é encorajado a afiar a sua astúcia. O artista é aquele que pula esta cerca durante a noite, espalha suas sementes entre os repolhos; sementes híbridas, inspiradas tanto pelo jardim quanto pela floresta desnorteante, onde somente os tolos e os loucos passeiam. Sementes que requerem muitas geraçoes para, finalmente, se revelarem comestíveis. Até entao, elas permanecem invisíveis para quem mantém os pés no chao, embora proeminentes o bastante para que nelas se tropece. Sim, essas protuberâncias desagradáveis em meio a estas linhas perfeitas, "oh, tao perfeitas!", encontrarao seu momento para florecer... e entao serem cultivadas. Você fica realmente estremecido quando vê um crítico, a título de experiência, mascando ruidosamente alcachofras? Nao seria melhor atirar aventais e babadores na xaropada acadêmica que daí resulta?"

Muito inspirador, nao? Obrigada Paula Gaitán pela sugestao de leitura.

Sem comentários: